Há 16 anos
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
mar á-ri-do
meu nome é César e tenho menos treze anos de idade. a lógica é simples: soma-se apenas até os dez primeiros anos de vida. se a mortalidade infantil não te leva, então a contagem se inverte. um ano de vida a menos para cada um que você completa. simples assim. eu tenho um avô que fugiu do quartel e migrou para não ir à Guerra. dignidade nunca foi o forte de minha estirpe e tem sido assim, pouco nobre, desde a desagradável década de trinta. eu trabalho carregando muamba. no mundo, para cada grupo de 10 pessoas, 1 homem deve ser plenamente realizado. ele é feliz. ele é notável. ele é incrível. e o patrão dele não acha que ele é um caminhoneiro evoluído. no meio do trabalho eu sempre vou ao banheiro e fico fingindo que estou cagando, enquanto, na verdade, durmo. também tenho uma mãe, uma cicatriz e duas irmãs. uma de verdade (infelizmente) e uma de mentira (infelizmente²). a minha mãe é desagradável sempre que quer, mas quando limpa a casa ela fica bem mais desagradável. uma irmã eu gosto muito e não vejo nunca. a outra eu não gosto nada e me enxe o saco sempre. ela tem 25 anos e gastou, em média, 23 deles agindo de forma completamente imbecil e ultrajante. a minha cicatriz tem uns 3 cm e possivelmente devo ter umas 7 versões de como arranjei-a. depende pra quem eu conto. não ligo. fui batizado na igreja católica, em alguma capela com nome de santo ou de alguma Maria. é lógico que eu acredito em Deus, mas tenho minhas dúvidas a respeito de seu filho, como todo ser humano dotado de habilidades imorais e frustrantes. todo mundo precisa de alguém pra por a culpa de seus fracassos e amarguras. e tem sido assim, pouco nobre, desde a desagradável década de 80. onde encontro-me, desde lá, afogado neste imenso már árido em que vivo.
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