sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Fragmentos de uma vida ordinária

- Oi! (Elas jamais dirão "oi", se vc não disser primeiro)
- Oi.
- É que eu... Não! Deixa pra lá.(É questão de lógica! Toda mulher é curiosa).
- Como assim?! Agora fala... (Mas não pode enrolar muito. Elas ficam agressivas.)
- É que o natal ta chegando.
- Nossa! Jura? (E quando frustradas, elas ficam meio arrogantes)
- E eu nem sei seu nome. Se for Carla, eu não vou poder nunca te dar um dicionário de nomes de presente. (E claro, são naturalmente interesseiras)
- Significa o quê? (Mas o lado curioso prevalece)
- Mulher da vida. Que se dá fácil aos prazeres mundanos. Puta, né? (Um palavrão meio sem querer pra quebrar o clima tenso).
- Que isso, menino?! Meu nome é Fabielle. Com dois "L". (Mas se ela te chamar de "menino", vc ta fudido)
- Lindo... "Fabielle: Aquela que transborda amor. Duquesa do reino unido que se entregou ao amor de Demócrates". Li no dicionário de nomes.
- Dããã... Vai me dizer que seu nome é Demócrates?
- Não. Meu nome é César.
- E César significa o quê?
-"Cavaleiro andante do século XV que roubou a duquesa Fabielle dos braços de Demócrates".
- Você ta mentindo muito ou muito pouco? (Mas não se esqueça: quando você pressentir o pior... ).
- Só a parte que eu falei que seu nome era lindo. (Pule fora do barco)
- Então se o resto é verdade, ta errado. O nome dele não é Demócrates. É Márcio.(Antes que te joguem pra fora)

o problema todo é o raciocínio rápido que vc precisa ter. e, lógico, não tem. ou você acaba achando que a "deixa" foi um fora e põe tudo a perder.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

call me a dog

todo dia eu esqueço de alguma coisa. seja esquecer de levantar para mais um dia corrido, seja esquecer de pegar o que preciso. me esqueço até de lembrar que esqueci alguma coisa. sempre fica algo pelo caminho e acabo lembrando disso só mais à frente, e as pedras vão ficando pelo caminho.
não há solução para minha memória. se eu amarrar uma fitinha no dedo para lembrar de alguma coisa, é capaz de, em alguns minutos, eu estar me perguntando o porquê daquele incômodo. da mesma forma, sou capaz de esquecer de alguns que são muito importantes para mim. não por que eu queira. tô ficando velho por demais. estes futuros trinta e sete anos estão aflingindo a minha cabeça já atarefada.
mas nem pra tudo eu tenho uma memória de peixe. não sou como um elefante, que não esquece. estou mais para um cachorro adestrado, com suas pulgas [também] adestradas bem atrás da orelha. por vezes elas funcionam como aqueles personagens de historinhas infantis, representando o bem e o mal. elas insistem em ficar discutindo por alguns tempos. mas, quanto mais se coça, mais nervosas essas pragas ficam. e as culpadas por me lembrar de tudo [principalmente o que não quero] continuam à toda.